Mais uma vez se provou que a Web Summit é mais do apenas tecnologia. É também um ponto de encontro de causas que aproveitam o espaço mediático para chegar ao mundo. Desta vez, através do futebol, a ideia é combater a pobreza com uma percentagem dos salários dos jogadores.
Eric Cantona, estrela mundial do futebol, conhecido pelo jogo mas também pelo estilo rígido que criou, esteve no Palco da Web Summit na qualidade de embaixador do projeto “Common Goal”. O objetivo é “simples”: melhorar o mundo com 1% dos rendimentos dos jogadores de futebol.
A ideia é aplicar o valor obtido no combate à pobreza no mundo. “Quando começámos isto há dois anos chamaram-nos loucos, mas já temos 130 atletas profissionais a trabalhar connosco”, disse Jürgen Griesbeck, co-fundador do projeto, que subiu ao palco da Web Summit com Cantona.
Somos o que somos, depois podemos ou não querer fazer a diferença.
Eric Cantona
Eric (king) Cantona
Com a postura rígida que o caracteriza e a pontaria certeira dos tempos do futebol que encantou o mundo, Eric (King) Cantona disparou, sem rodeios, para a rede: “Podemos utilizar o futebol para tudo. Agora tem sido para a parte política, para fenómenos como o racismo, pela extrema direita… Isto é um mundo de loucos. É importante que os jogadores percebam o ambiente por onde andam. Em vez de apoiarem coisas políticas, deviam ir a zonas mais desprotegidas. Lembro-me que estive em Cartagena, numa zona muito pobre, onde havia um campo de futebol que estava vazio. Perguntei porquê. Aquilo que me explicaram é que primeiro têm de ir à escola e que se cumprirem aí é que podem ir para o campo jogar, ganham essa permissão. Por aqui se vê o poder que o futebol pode ter”. E deixou o boné servir a quem o queira enfiar.
Neste projeto que agora apoia, e para o qual pretende angariar 1% dos rendimentos do futebol, Cantona recorda que hoje em dia “alguns pais falam às suas crianças demasiado sobre fama e dinheiro”. No entanto, acrescenta, “podemos utilizar o futebol para tudo. É uma plataforma de educação porque se tem de respeitar companheiros e adversários, porque se tem de respeitar as regras. É uma escola de vida”.
E, apelando ainda à solidariedade dos jogadores, sublinhou, de forma clara, no Palco da Web Summit que os jogadores têm a obrigação de contribuir para estas causas. “O que esperamos de um jogador de futebol é que jogue bem. Na maioria das vezes os futebolistas vêm de zonas mais pobres e carenciadas, é bom que não esqueçam de onde vêm e como chegam até ali. Conselho para haver mais jogadores neste projeto? Bom… Somos o que somos, depois podemos ou não querer fazer a diferença. Não posso forçar ninguém, não somos ditadores…”
Depois, apesar de nada disto estar relacionado com tecnologia, pode associar-se, por exemplo, ao merchandising vendido na Web Summit e que inclui camisolas de lã, feitas à mão na Irlanda, com um custo de 800 euros. Demoram, pelo menos cinco semanas a ficar prontas após a encomenda e, pelo que se sabe, a edição disponível na Web Summit, esgotou.