Há um século, o mundo enfrentou uma outra guerra biológica. A gripe pneumónica matou cerca de 40 milhões de pessoas, 130 mil das quais só em Portugal
Na primavera de 1918, depois de quase quatro anos de uma guerra sangrenta à escala global, o mundo seria assolado por uma nova e terrível ameaça: a pandemia da gripe pneumónica. Em menos de cinco meses, a doença (que se revelou altamente contagiosa) espalhava-se por quase todos os países dos cinco continentes. Estima-se que durante a pandemia, que se prolongou por mais de um ano, tenham morrido cerca de 40 milhões de pessoas. Só em Portugal, estima-se que tenham sido mais de 130 mil.
Ao contrário da Covid-19, que vitima sobretudo pessoas acima dos 70 anos de idade e homens, a pneumónica matou principalmente jovens adultos (entre os 15 e os 40 anos) e mulheres. Uma das vítimas foi Maria Francisca, filha do antigo presidente da República Bernardino Machado e tia-bisavó materna do médico psiquiatra e sexólogo Júlio Machado Vaz. A jovem, de 29 anos, morreu em Abril de 1918 em Hendaia. Bernardino Machado (1851-1944), a mulher, Elzira Dantas Machado (1865-1942), e a maioria dos filhos (o casal teve 19) estavam exilados em França desde Dezembro de 1917, na sequência do golpe militar encabeçado por Sidónio Pais (1872-1918). Quase toda a família foi atingida pela gripe pneumónica, mas só Maria Francisca não resistiu à doença (conhecida também por gripe espanhola, uma vez que Espanha, neutral na guerra, terá sido o primeiro país a publicar notícias sobre a nova influenza).
A tese mais consensual sobre a origem da doença defende que esta surgiu na base militar americana de Fort Riley, no estado do Kansas, em Março de 1918. Com a partida do Corpo Expedicionário Americano para o palco europeu da guerra, a gripe pneumónica chegaria a França em Abril, e a partir daqui, com a frequente movimentação de tropas, rapidamente se espalhou por todo o território europeu.

A crise pandémica desenvolveu-se em três vagas: numa etapa inicial, entre Abril e Agosto de 1918, os seus efeitos foram contidos; entre Setembro de 1918 e Janeiro de 1919, os seus efeitos foram devastadores, registando-se uma elevadíssima taxa de mortalidade; por fim, entre Fevereiro e Maio de 1919, assistiu-se ao recuo significativo do número de casos.
A doença foi provocada pelo subtipo H1N1 do Influenzavirus A, que só foi isolado em 1933. Como recordam os investigadores Helena da Silva, Rui M. Pereira e Filomena Barata, no livro Centenário da Gripe Pneumónica. A pandemia em retrospectiva. Portugal 1918-1919, o «vírus transmitia-se por contacto direto com as pessoas infetadas, através de espirros e tosse, tinha um curto período de incubação (um a três dias) e exprimia-se por diversos sintomas, desencadeando problemas respiratórios com implicações de alto risco de vida para os contaminados».
Para evitar a propagação da doença, desaconselhava-se a permanência de muitas pessoas em locais fechados, os apertos de mão e os beijos; promovia-se o arejamento das habitações e dos locais de trabalho e a desinfecção das vias nasais e da garganta.
A chegada da pandemia a Portugal
A pandemia chega a Portugal em Maio a partir da fronteira espanhola. O primeiro foco registou-se nos concelhos fronteiriços de Arronches, Elvas e Vila Viçosa e surgiu com o regresso a casa os trabalhadores rurais que tinham estado a trabalhar na Estremadura espanhola. As grandes peregrinações na Península Ibérica (Fátima e Santiago de Compostela), a facilidade das viagens entre Porto, Lisboa e Madrid, as deslocações para as zonas de veraneio e a migração dos trabalhadores agrícolas contribuíram para uma rápida propagação da doença.
A pneumónica atingiria Lisboa em Junho e terá infectado cerca de metade da população. A situação agravou-se com o fim da época balnear, que na época se estendia de Julho da Outubro. Muitos dos seus habitantes, que estavam em veraneio noutras zonas do país, voltaram a casa contaminados, o que contribuiu para o rápido alastramento da infecção. Por outro lado, centenas de pessoas residentes nos arredores fugiram para a capital numa tentativa de escapar à doença, um fenómeno inverso ao que se tem assistido actualmente devido à Covid-19. Rapidamente, os hospitais encheram-se de doentes, e os profissionais de saúde deixaram de ter mãos a medir.
O período mais crítico foi no outono de 1918. Na edição de 22 de Outubro, o jornal O Tempo resumia desta forma o que se passava em Portugal: «[…] é gravíssima a situação do país. É raro o lar onde a morte não tenha batido ou que a doença não tenha visitado. Mobilizaram-se todos os médicos. E, como não chegassem, recorreu-se aos quintanistas e mesmo aos quartanistas de medicina. Há casas onde famílias inteiras estão prostradas. E, tão funda é a miséria que lavra por estas terras, há leitos onde se deitam quatro doentes. Faltam os medicamentos e faltam os alimentos. Falta a assistência…e já quase vai faltando terra de cemitérios para receber os que todos os dias vão caindo.»
De facto, em algumas localidades, como a Azambuja, foram obrigadas a alargar os seus cemitérios para conseguirem dar sepultura a todos os mortos. Na Imprensa, há relatos de mortos que estiveram vários dias sem serem enterrados devido à falta de capacidade de resposta. Muitas das vítimas morriam em casa ou em locais públicos, aumentando o sentimento generalizado de medo sobre os tempos que ainda estavam para vir.
Como recorda Álvaro Sequeira num artigo dedicado à pneumónica publicado em 2001 na revista Medicina Interna, mesmo sem a pandemia, 1918 já seria um annus horribilis para Portugal: em Janeiro, ocorre uma acção contra-revolucionária dos marinheiros da Armada; em Abril, o Corpo Expedicionário Português (C.E.P.) sofre uma pesada derrota em La Lys; em Junho, uma epidemia de tifo mata cerca de 2000 pessoas, principalmente na zona do Porto e de Espinho; em Setembro, há racionamento de bens alimentares; em Outubro, eclode uma nova tentativa revolucionária que obriga à declaração do estado de sítio, durante o qual se assiste ao assassínio de vários presos políticos na chamada «leva da morte»; em Novembro, é declarada uma greve geral, e, em Dezembro, o presidente da República é morto no Rossio.
Por tudo isto, a pneumónica foi «uma verdadeira prova de resistência à máquina do Estado, à sociedade e ao indivíduo», sublinha Ana Maria Diamantino Correia num trabalho sobre a resposta da cidade de Coimbra ao surto infeccioso.
Medidas de contenção
As medidas de contenção da doença foram adoptadas tardiamente e de forma avulsa e descoordenada. Só no início de Outubro, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulga as primeiras medidas profilácticas: os médicos eram obrigados a comunicar à DGS todos os casos diagnosticados; os movimentos migratórios passaram a ser controlados; improvisaram-se hospitais em escolas e outras instituições para isolar os doentes (como o Liceu Camões e o Convento das Trinas, em Lisboa, ou Liceu Central João de Deus, em Faro); o abastecimento das farmácias foi reforçado; todos os médicos (incluindo os reformados) foram mobilizados para esta nova guerra; e apelou-se às populações que se organizasse em comissões de socorro.
Em 1918, na Figueira da Foz, as ruas foram todas desinfectadas por membros da delegação da Cruz Vermelha e militares.
Apesar de várias localizadas estarem a viver uma realidade verdadeiramente dramática, não foi ordenado qualquer cerco sanitário (como tinha acontecido no Porto em 1899) para conter a doença. Uma decisão criticada por vários médicos. Em declarações ao jornal A Manhã, Raul de Carvalho, chefe do laboratório de análises clínicas do Hospital Escolar, defendia que só deveriam poder ou entrar nas localidades afectadas pela doença pessoas que tivessem sido observadas por um médico, «isolando-se mesmo, em caso de necessidade, as povoações onde o mal mais se tenha propagado».
Ainda em Outubro, o governo chefiado por Canto e Castro (1862-1934) ordenou o encerramento de todas as escolas particulares do ensino primário e secundário. No dia 7 desse mês, o higienista Ricardo Jorge (1858-1939) é nomeado Comissário Contra a Gripe. Uma das primeiras decisões foi proibir as visitas nos hospitais e a abertura do novo ano escolar. Também o Parlamento fechou portas. As salas de espectáculo continuavam, no entanto, abertas e com bastante público, segundo a Imprensa, para não agravar o isolamento das pessoas e o pânico. Apesar de aquele especialista também ter proposto o isolamento dos doentes e a higienização dos edifícios, o governo não aceitou as suas recomendações.
Em algumas zonas, as autoridades locais não se limitaram às medidas da DGS. Na Figueira da Foz, as ruas foram todas desinfectadas por membros da delegação da Cruz Vermelha e militares. Foi também montado um hospital em Tavarede para acolher apenas doentes vítimas da gripe pneumónica para mantê-los isolados dos de mais enfermos. Em Coimbra, a Câmara emitiu diversas posturas municipais que proibiam o despejo de lixo na via pública sob pena de elevadas multas e procedeu à desinfestação das ruas e em Santarém, foram canceladas as feiras e as romarias.
Nas fronteiras, as autoridades espanholas não deixavam entrar no país vizinho quem não estivesse munido de um documento assinado pelo cônsul de Espanha em como era oriundo de uma zona não infestada pela doença. Não obstante, algumas notícias davam conta de que na fronteira de Badajoz, nem essas pessoas eram autorizadas a viajar.
O fecho da fonteira espanhola com França impediu que cerca de 60 comerciantes portugueses ficassem aí retidos. Os empresários tinham ido a Paris conhecer as propostas da moda para o outono/inverno desse ano, e o atraso no seu regresso estava já a causar «numerosos prejuízos ao nosso comércio de modas», que aguardava os «figurinos da estação para dar trabalho a milhares de famílias», alertava A Capital. O impasse obrigou à intervenção do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Egas Moniz (1874-1955).
Assistência médica deficitária
Muitos dos enfermos residentes fora dos centros urbanos morriam por falta de assistência médica. Mesmo nas cidades, incluindo Lisboa, era notória a escassez de médicos (mais de um terço tinha sido mobilizado para a guerra). Na edição de 9 de Outubro de 1918, A Capital escrevia a propósito deste assunto: «É difícil, tanto para ricos como para pobres, obter uma visita clínica, e sobretudo, é claro, para os que a não podem pagar por um preço elevado.» Noutras zonas, como no caso de Almada, existiam médicos, mas estes não dispunham de meios para se deslocarem. Só em Outubro, o Estado atribuiu automóveis aos médicos que não dispunham de meio de transporte próprio.
Num artigo sobre a pneumónica em Portugal, José Manuel Sobral e Maria Luísa Lima recordam que 241 dos 251 hospitais existentes pertenciam às misericórdias e não tinham os mesmos recursos técnicos, financeiros e de pessoal que as unidades de saúde públicas. De destacar ainda que a distribuição geográfica dos hospitais, das farmácias e das associações de socorros mútuos era muito desigual.

Os farmacêuticos desempenharam também um importante papel no combate à doença. Eram estes profissionais quem estava na primeira linha da prevenção, dando conselhos sobre como evitar o contágio e vendendo os medicamentos que poderiam, senão evitar a doença, pelo menos minimizar os seus efeitos. Na Imprensa, multiplicavam-se os anúncios publicitários a produtos que alegadamente ajudavam a prevenir a doença. Como os comprimidos Lactobiase, do Laboratório Farmacológico de Lisboa a «maneira mais prática e cómoda de desinfectar os brônquios» e os intestinos; as inalacções de Pfeifer ou os sabonetes anti-sépticos da Companhia Portuguesa de Perfumes. Também os cigarros Ideal e Viado, da fábrica Flor da Angra, na ilha açoriana de São Miguel, eram anunciados como sendo um «verdadeiro preservativo contra a gripe pneumónica».
Só em meados de 1919, a pandemia começaria a da claros sinais de retrocesso
A comunidade médica aconselhava a desinfecção da boca com elixir dentífrico à base de eucalipto e timol e da garganta, fossas nasais e intestinos com uma loção anti-séptica. No entanto, a especulação fez disparar os preços de todos os bens de primeira necessidade, incluindo dos medicamentos. O quinino, uma das substâncias mais utilizadas no fabrico dos fármacos, custava 65$00 nos armazenistas, mas era vendido a 300$00 nas farmácias. Outros, como o açúcar, chegaram a faltar no mercado.
O mesmo acontecia com os bens alimentares, principalmente os que eram mais aconselháveis aos doentes e convalescentes, como o leite, os ovos e as galinhas. Ou não havia ou eram vendidos a preços exorbitantes. E, no entanto, ter uma «alimentação fortificante» era um dos conselhos mais recorrentes dos médicos.
No palco da guerra
Em Setembro, a Comissão Sanitária dos Países Aliados alerta para o facto de a doença estar a atingir vários militares que lutam a frente europeia da Grande Guerra. Os primeiros casos no Corpo Expedicionário Português (C.E.P.) surgem em Agosto. De acordo com o investigador Rui M. Pereira, 418 militares terão sido afectados pela pneumónica, dos quais 37 acabaram por morrer.
A situação nos campos de prisioneiros era mais preocupante. Devido às deficientes condições de higiene e de saneamento, à má alimentação e a um sistema precário de cuidados médicos, a epidemia também ali fez muitas das suas vítimas. De entre estas, contam-se militares do C.E.P.
Todos temiam pelos familiares e amigos que se encontravam em Portugal. Apesar da censura postal, chegavam aos campos de prisioneiros informações sobre o evoluir da pandemia e o rasto de morte que ia deixando no país. Alguns militares do C.E.P. receberam a notícia da morte de familiares próximos causada pela pneumónica quando ainda estavam prisioneiros, o que causou em todos um «estado de verdadeira aflição» por saberem que «a terrível doença» rondava a porta dos seus entes queridos, confessava o tenente-coronel João Carlos Craveiro Lopes (1871-1945), presidente da Comissão Central de Assistência aos Militares Portugueses Prisioneiros de Guerra na Alemanha, numa carta enviada a 17 de Novembro ao Comité de Socorros aos Militares e Civis Prisioneiros de Guerra, sedeado na cidade suíça de Lausanne:
«Aqui no Campo têm ultimamente chegado notícias alarmantes sobre a violência da gripe espanhola em Portugal. A dois oficiais já lhes morreram as esposas, a um outro um filho e quase todos sabem que a terrível doença lhes ronda a porta. Calculam bem estado de verdadeira aflição em que todos nos encontramos. A alegria do regresso transformou-se ultimamente em uma verdadeira febre de voltar às nossas famílias.»
Os prisioneiros pediam por isso que o Comité de Lausanne reforçasse junto do Governo e do embaixador português em Berna o seu pedido para que o repatriamento ocorresse o mais brevemente possível. A mesma solicitação dirigiram ao ministro alemão da Guerra, em «nome dos altos e sagrados direitos da humanidade». Mas a viagem de regresso a casa ainda iria demorar. Os primeiros antigos prisioneiros só chegariam a Lisboa no início de Janeiro de 1919.
Em 21 de Outubro, aporta em Lisboa o navio de vapor Moçambique, vindo de Lourenço Marques e fretado à Companhia Nacional de Navegação para trazer de volta os militares que estavam convalescentes ou em fim de comissão de serviço. A bordo estavam 633 militares, 186 passageiros e 133 tripulantes. Durante a viagem (que teve paragens em Cape Town, Moçâmedes, Luanda, São Tomé e Príncipe e Funchal), morreram 180 militares, 12 civis e dois tripulantes devido à pneumónica, tendo os seus corpos sido lançados ao mar.
Depois de o navio fundear em frente à Torre de Belém, os ocupantes que apresentassem sintomas da doença foram transferidos para o Lazareto de Lisboa, instalado no Forte do Bom Sucesso, na margem esquerda do Tejo. Quem ali estava alojado com doenças comuns foi levado para os hospitais da capital. Os passageiros do Moçambique ficaram a cargo do Instituto Nun’Álvares, cujo director acabou também por ser infectado. Os militares que não apresentavam sintomas seguiram para os respectivos quartéis e os civis para suas casas, ficando uns e outros debaixo de supervisão médica.
O apoio às vítimas
Com a economia (que já não estava de boa saúde por causa da guerra) ainda mais parada, no dia 21 de Outubro, o presidente da República, Sidónio Pais, reuniu no Palácio de Belém com os directores e representantes de jornais sedeados em Lisboa e membros destacados dos sectores comercial e financeiro portugueses. O encontro serviu para discutir o apoio às vítimas da doença através da angariação de donativos. O Diário de Notícias tinha já em curso uma subscrição com esse fim, à qual se associaram outros periódicos (em duas semanas, foram reunidos 12 000$00 réis).
Surgiu, assim, a Comissão Central de Socorros às vítimas da epidemia. Presidida por Sidónio Pais, a comissão executiva em constituída por António de Sousa Lara (vice-presidente), Ernesto de Seixas, Mário Tavares de Carvalho, Henrique Monteiro Mendonça (tesoureiro) e o conde de Mendia (vice-tesoureiro).
A associação trabalhou em estreita ligação com as juntas de paróquia de Lisboa e grupos femininos de beneficência. As juntas de paróquia ficaram responsáveis pela compra de alimentos e medicamentos, que eram depois distribuídos pelos militares do Exército pelas famílias mais carenciadas.
Durante a pandemia, um pouco por todo o país, vários beneméritos doaram dinheiro para ajudar a mitigar as dificuldades financeiras das famílias mais pobres. Diversas associações conjugaram também esforços para apoiar quem mais necessitava. Em Santarém, a Santa Casa da Misericórdia distribuía diariamente sopa a 100 pobres, e as corporações de bombeiros voluntários permaneciam disponíveis 24 horas por dia para realizarem o transporte de doentes. Em Sacavém, Margarida Nogueira permitiu que fosse instalado um hospital na sua Quinta de São José. No Asilo de Mendicidade, em Lisboa, uma das arrecadações foi transformada em camarata para acolher crianças cujos pais tivessem sido vítimas da gripe pneumónica. Alguns bancos, como a Caixa Geral de Depósitos, também entregaram donativos.
Só em meados de 1919, a pandemia começaria a da claros sinais de retrocesso, mas em algumas zonas do planeta, só no ano seguinte estaria totalmente erradicada. Álvaro Sequeira, no artigo já citado, não hesita em afirmar que a gripe pneumónica foi «uma das pandemias mais mortíferas na história da humanidade». Resta esperar que a actual não a ultrapasse, pelo menos em termos de mortalidade.