As mentiras transmitidas como notícia, e que vulgarmente ficaram conhecidas como Fake News, devem ser alvo de maior atenção por parte das principais plataformas digitais como a Google, Facebook ou Twitter. Esta é uma das conclusões do relatório publicado a 14 de junho pela Comissão Europeia.
Numa nota divulgada pela Agência Lusa, e replicada em diversos Orgãos de Comunicação Social, pode ler-se que a CE insistiu que Google, Twitter e Facebook devem fornecer informações mais pormenorizadas que permitam identificar os agentes mal-intencionados e os Estados-Membros visados por campanhas de desinformação.
O executivo comunitário publicou os relatórios apresentados por aquelas três plataformas, signatárias do Código de Conduta, sobre os progressos feitos em maio nos seus compromissos para combater a desinformação e, em comunicado, notou que, “apesar do que já foi feito, há ainda muito a fazer”.
“Todas as plataformas em linha devem fornecer informações mais pormenorizadas que permitam a identificação dos agentes mal-intencionados e dos Estados-Membros visados”, diz o executivo comunitário.
A CE acrescenta que as empresas devem também “intensificar a sua cooperação com os verificadores de factos e habilitar os utilizadores a detetarem melhor a desinformação”, e ainda “oferecer à comunidade científica um verdadeiro acesso aos dados, no respeito das regras de proteção de dados pessoais”.
Quanto a este último aspeto, Bruxelas estima que a recente iniciativa do Twitter de disponibilizar o acesso a conjuntos de dados relevantes para fins de investigação abre “uma via para a realização de investigação independente sobre campanhas de desinformação lançadas por agentes mal-intencionados”.
É preciso fazer mais
Embora sublinhe que, desde janeiro, todas as plataformas fizeram progressos no que diz respeito à transparência da publicidade de cariz político e à divulgação pública desses anúncios, a Comissão Europeia distingue o Facebook, que “tomou medidas para garantir a transparência da publicidade temática”, de Google e Twitter, que “devem recuperar do seu atraso neste domínio”.
No entanto, será sempre bom recordar que, apesar desta posição da CE, a Google é a entidade que atualmente apresenta a maior transparência nesta matéria. Ao contrário do Facebook, a Google não permite a instalação de plugins de terceiros e é muito clara nos seus objetivos. Trata dados, armazena e traça perfis de utilizador mas tudo é feito dentro das entidades da Google. Já o Facebook, ao permitir a instalação de plugins de terceiros, abre os dados e acaba por não ser clara a forma como estes são utilizados.
O recente caso “Cambridge Analytica” ainda está bastante fresco na memória de todos e é apenas a ponta de um iceberg naquilo que diz respeito ao tratamento de dados.
No ‘rescaldo’ da campanha para a eleição do ‘novo’ Parlamento Europeu, cujo processo eleitoral decorreu entre 23 e 26 de maio, Bruxelas considera que “os esforços desenvolvidos para garantir a integridade dos serviços contribuíram para limitar a margem para tentativas de manipulação das eleições europeias, mas as plataformas têm de explicar melhor de que modo a supressão de robôs digitais e de contas falsas limitou a propagação da desinformação na UE”.
“Google, Facebook e Twitter comunicaram melhorias no controlo das colocações de anúncios a fim de limitar práticas mal-intencionadas ‘clickbait’ e de reduzir as receitas de publicidade daqueles que estão na origem da desinformação. No entanto, não se verificaram progressos suficientes no desenvolvimento de ferramentas para melhorar a transparência e a fiabilidade dos sítios Web que acolhem anúncios”, acrescenta.
Estas três plataformas, signatárias do Código de Conduta contra a desinformação desde outubro de 2018, comprometeram-se a apresentar mensalmente relatórios das suas atividades até às eleições europeias.
A Comissão, com o apoio do Grupo de Reguladores Europeus dos Serviços de Comunicação Social Audiovisual (ERGA), acompanhou de perto os progressos e publicou avaliações mensais, juntamente com os relatórios apresentados.
Em 22 de maio, a Microsoft também aderiu ao Código de Conduta e subscreveu todos os seus compromissos.
A monitorização do Código de Conduta faz parte do plano de ação contra a desinformação que a UE adotou em dezembro.