Em Junho de 1968, deu entrada no Hospital de Santo António, no Porto, um homem com fortes dores abdominais. A sua origem surpreendeu os médicos.
No início de Junho de 1968, deu entrada no serviço de urgência do Hospital de São João, no Porto, um homem de 48 anos de idade com fortes dores abdominais. Augusto Pereira Sampaio, solteiro, sem profissão conhecida, natural do lugar da Ponte Velha (Santo Tirso), queixava-se de dores cada vez mais intensas na região do baixo-ventre.
O mal-estar durava já oito dias. Foi primeiro observado no hospital de Santo Tirso, mas «sendo um homem bronco», como escreve o Jornal de Notícias de 12 de Julho desse ano, tinha dificuldade em exprimir-se. Por isso, os médicos encaminharam-nos para aquela unidade hospitalar da Invicta.
Aqui, foi radiografado e observado por vários médicos, mas o diagnóstico foi inconclusivo. Suspeitava-se de uma oclusão intestinal. Os clínicos decidiram, então, interná-lo para que fosse sujeito a uma intervenção cirúrgica, uma vez que o seu estado continuava a agravar-se sem qualquer explicação, conta-nos o Diário de Notícias de 11 de Junho.
Operado no Dia de Portugal, os cirurgiões Albérico Ruber e Almeida Santos nem queriam acreditar naquilo que encontraram no interior do intestino grosso de Augusto Pereira Sampaio. Nada mais nada menos do que 3418 caroços de cereja, quase uma centena de caroços de azeitona e duas azeitonas inteiras.
Após a cirurgia, e depois de devidamente informado pelos médicos da sua descoberta, o «homem-armazém», como ficou conhecido, recusou explicar o motivo pelo qual tinha milhares de caroços no interior do corpo. Ainda hospitalizado, insultava quem quer que se aproximasse de si e dizia apenas: «Quero é comer!».
No entanto, o que parecia ser uma franca recuperação, acabou por ter um desfecho infeliz. Augusto Pereira Sampaio acabaria por morrer no hospital no dia 16 de Junho, sem nunca revelar como armazenou tantos caroços no intestino grosso.