Muitas vezes, ao longo da História da imprensa, os protagonistas principais das notícias são os animais. Por proezas que fizeram ou por acidentes que causaram.

Ainda tem dúvidas sobre a inteligência dos animais não-humanos? Se sim, a próximas estórias poderão fazê-lo mudar de ideias. Ou, pelo menos, dar-lhes o benefício da dúvida. Afinal, o que pensar de uma vaca que acendia a luz para dormir? A notícia surge nos jornais Diário de Notícias de 31 de Maio de 1970 e O Século de 1 de Junho do mesmo ano, e é contada pelos próprios donos, João da Silva Gamenho e Maria José, residentes na Carvoeira, concelho de Mafra.

Todas as noites, Maria José acendia a luz do estábulo para poder mungir a vaca. Terminado o trabalho, desligava o interruptor, deixando-a (e ao burro que com ela vivia) às escuras. Para surpresa do casal, pouco tempo depois, voltava a haver luz no curral. Intrigados, chegaram “a pensar em almas do outro mundo e em bruxedo”, conta-nos O Século.

Maria José e o marido decidiram investigar o caso. Uma noite, depois de apagarem a luz, puseram-se de vigia, e assim descobriram o que se passava. A resposta ao mistério era muito mais simples do que tinham imaginado, e nada tinha que ver com assombrações: o interruptor era accionado pela vaca.

Percebendo que mexendo no interruptor o estábulo se iluminava, o animal começou a bater-lhe com a cauda até se fazer luz. O casal mudou a localização do interruptor, mas a vaca não se deu por vencida. Uns dias mais tarde, descobriu onde estava o botão e voltou a acender a luz mal a deixavam sozinha com o burro. A solução foi colocar o interruptor a uma altura em que o animal não chegava com a cauda. 

Crias, crias e mais crias

Dois anos antes, em Junho de 1968, foi a vez de duas coelhas e uma cadela serem notícia no Diário de Notícias depois de terem dado à luz. Algo que só foi digno de surgir nas páginas de um jornal generalistas devido ao número de crias em causa: 30 coelhos e 17 cachorros.

Os cachorros eram filhos de um casal de cães de raça setter irlandês. Ela, residente em Queluz, no concelho de Sintra; ele, em Lisboa. Dois dos cachorros morreram pouco tempo depois do nascimento, mas os sobreviventes eram bastante saudáveis. Alguns tiveram que ser alimentados a biberão pelos donos, pelo facto de a mãe não ter tetas suficientes para amamentá-los a todos.

Mais ou menos na mesma altura, também em Queluz, causou surpresa a notícia de uma coelha que teve 16 crias – uma sobreviveu pouco tempo; as restantes foram alimentadas a biberão. No entanto, rapidamente este recorde foi quebrado. O mesmo jornal noticiava, uma semana mais tarde, que uma coelha da Guarda dera à luz… 18 filhotes. Mais curioso ainda foi a forma como ela resolveu o problema da amamentação de tão grande prole.

De acordo com o dono, Evaristo André, residente em Vila Franca do Deão (Guarda), a fêmea dividiu os coelhitos em dois grupos, de cinco e 13, saltando de um grupo para o outro em intervalos regulares. 

Quando dormir a sesta é perigoso

Desfecho menos feliz teve a última estória que hoje vos trazemos. Em Julho de 1930, o jornal O Século relata a triste sina da criada de um lavrado da freguesia de Vairão, em Vila do Conde. Uma certa tarde, a jovem foi ao campo cegar feno para o gado. A determinada altura, deitou-se à sombra de uma árvore, e adormeceu profundamente.

Segundo O Século, talvez atraída pelo cheiro a leite que emanava da roupa da serviçal (responsável por mugir as vacas), uma cobra entrou-lhe pela boca. Apesar de ter acordado nesse momento, e de ter tentado puxar o bicho, os esforços da criada foram em vão. A cobra conseguiu alojar-se no seu esófago. E nem com a intervenção dos médicos foi possível salvar a jovem, que morreria “após três dias de torturante sofrimento”.